Quarentena - Primeiras impressões de um publicitário-cidadão

Um caminho a percorrer


Fernando Rossi

Estou desde o dia 13/03 dentro de casa. Saí uma vez no dia 16 para levar a Gigi numa prova da escola e voltei poucas horas depois.

De lá pra cá, QUARENTENA.

Nem padaria, nem açougue, nem mercado.

A Patricia trabalhou na empresa até quarta-feira. E no mesmo dia em que foi dispensada, passou no supermercado e "comprou o que precisávamos para passar alguns dias". Ao voltar, TODAS AS COMPRAS FORAM ESTERILIZADAS.

Não estocamos papel higiênico, não compramos dezenas de álcool em gel (a lógica é simples: se não vamos sair, o potinho que temos de álcool em gel é o suficiente).

Minha esposa é “militar”. Para ela, “missão dada é missão cumprida”. Foi assim com a dengue (que não tivemos), foi assim com a H1N1 e é assim sempre que o assunto é a saúde dos filhos e do marido. Eu só posso agradecer por ela ser assim.

E nestes dias feitos para pensar, planejar e agir, eu não tenho respostas. Pela primeira vez em toda a minha vida, não tenho ideia do que acontecerá. Isso me assusta? Um pouco. Me dá medo? Nenhum.

Sabe por que? Porque acredito no ser humano. Acredito no gari que diz estar lá, firme e forte. Acredito no amigo que diz ser sua hora de estender a mão.
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Não acredito nos políticos, mas darei novo voto de confiança. Não sou direita ou esquerda, sou MEIO.
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É um problema para você? Não me siga.

Quero um Brasil mais rico? Claro.

Queria ter dinheiro sobrando? Óbvio.

Mas, hoje, eu só quero ver as pessoas sentindo-se seguras. Hoje não há felicidade. Existem dúvidas, apreensão, receio. Mas não será isso que nos matará. Estamos ficando em casa, seguros.
Aliás, tenho certeza, tudo isso nos tornará mais honestos.

As aparências não mais convencerão. As empresas voltarão a se preocupar com NOMES e não NÚMEROS. As pessoas não comprarão MARCAS, e sim VERDADES.

Que bom. O DINHEIRO NÃO SERÁ O QUE VOCÊ TEM NO BOLSO OU NO BANCO.

Os bancos não serão mais bancos. Pode apostar.

Colegas “perderam muito dinheiro” nas bolsas. Clientes “não sabem como será o próximo mês”. Uno-me às dúvidas e incertezas. Não sei como será meu próximo mês.

Mas sei que será VERDADEIRO e LIMPO. Será da forma que o mundo precisa ser.

Que possamos compreender que este é um momento de aprendizado, onde o NOSSO sobrepõe ao MEU. Que seja um MOMENTO DA FAMÍLIA. Que possamos exercitar a PACIÊNCIA.

Que administremos nossas ANGÚSTIAS. Que usemos nosso celular para CONVERSAR. Que usemos nossa internet para INFORMAR com inteligência.

Que possamos sentir SAUDADES e dizer VOCÊ FAZ FALTA. E que, acima de tudo, possamos espalhar o AMOR AOS QUE ESTÃO AO NOSSO LADO, MESMO DISTANTES.

Estou aqui, para conversar, para falar de trabalho, dar risada.

“Acreditar sem ver” é ter FÉ.

Eu terei.

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