Será que eu acredito no touro?


Valéria Ribeiro de Fazio*

Antigamente, eu adorava astrologia. Era aquela adolescente que lia o horóscopo todas as manhãs antes de sair de casa. Porém, o único conhecimento que tinha sobre o meu mapa astral era do signo mais guloso do zodíaco, touro! O meu!

Esse atributo me deixava convicta que eu era uma taurina, pois nunca faltei numa festa de família, só para comer os docinhos e, claro, várias fatias de bolo de chocolate.

Eu cresci e, consequentemente, jurava não ter tempo para crendices e gulodices. O meu tempo agora estava reservado para as notícias de economia, política, ou seja, virei adulta!

Na vida real, menos tempo para mim, só trabalho, contas, cuidados com familiares e estresse, muito estresse. Além das notícias, notícias, 24 horas de notícias.

Pensei na rotina que estava levando. Comecei a me questionar: cadê a taurina? Segundo a astrologia, taurina gosta de natureza, literatura e dos prazeres da vida. Nos livrinhos de banca de jornal, diziam - inclusive - que a taurina na vida adulta seria artista.

Nesse momento, o conflito interno se iniciou, pois como posso acreditar em astrologia? Justamente eu, uma mulher que recrimina futilidade. Mas vida saudável é futilidade?

Quase como antes, voltei a ler o horóscopo todas as manhãs, mas agora no app do celular. E descobri o meu ascendente também, é o mais egoísta do zodíaco: escorpião! Uau, gostei!

Então, comecei a valorizar mais meu tempo, menos notícias e mais literatura, menos contas e mais caminhadas a pé. À noite, mais vinho e mais prazeres.

Hoje aprendi mais uma coisinha sobre astrologia: eclipse!

Será que eu acredito?

Obs.: Texto publicado a partir do curso Crônica: uma Escrita Afetiva, que aconteceu no Lobo Estúdio, em Santos.
    

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