Marcus Vinicius Batista
Querido Toninho,
Estou chegando hoje; por isso, escrevo sem que nos conheçamos, mas seus feitos alcançaram outras cidades. Seus feitos me atingiram lá no Jardim Esmeralda, em Praia Grande. Confesso que não consegui vir sozinha para te encontrar. Tiveram que me trazer, ainda mais que fui preparada para alguém diferente, alguém que pedala num ritmo próprio, em tempos diferentes, em cadências literárias.
Não serei pretensiosa a ponto de me considerar insubstituível. Nossos próximos anos não serão como da minha colega que se foi, também não serão os 50 que você viveu com as reviravoltas de um bom livro que te agarra num sarau ou na preparação de uma aula, como me contaram, mas prometo que teremos uma relação especial. Tenho a certeza de que, quando olhar para mim, verá amizade, companheirismo, dignidade, amor e ... poesia.
Vindo para Santos, lembrei-me das histórias que me assobiaram sobre você, Toninho. E estes episódios me mergulharam em sonhos. Nos meus devaneios, você me levará numa viagem no tempo enquanto te levo à escola. Serei a moça que acompanha Mário de Andrade na Semana de Arte Moderna.
Depois, imagino como seria acompanhar Drummond, desviando das pedras pelo caminho, amando cada personagem interpretado como se eles amassem outras pessoas.
Não me veja como uma fonte de devaneios. Estarei contigo nos trajetos mais duros, compreensiva de que viajar todos os dias ao centro do capitalismo faz parte do enredo de nossa biografia, a partir de hoje. Prometo sorrir e te aguardar a cada final de expediente para que reiniciemos um novo capítulo, sempre.
Não sou colorida à toa. Não substituo a perda nem a responsabilidade e dificuldades do mundo lá fora. Venho para uma nova trilha, de cor, fantasia e, principalmente, amor. Ao seu lado, seremos vistos, admirados, respeitados por aqueles que pularam o muro da incompreensão, da intolerância, da amargura, da descrença nas pequenas ações do homem.
Só gostaria de fazer um pedido: por favor, me leve no próximo sarau. Quero te ouvir falar tanto sobre literatura por meio de quem a ama ou amou. Quero ouvir sua voz que os representa, que arranca as palavras do papel e espalha a vontade no público e te seguir, de te copiar, de fazer o mesmo.
Quando você olhar para fora da loja, assim que o sarau terminar, estarei lá parada, te esperando, para que voltemos para casa. Será uma honra te acompanhar pelas linhas literárias.
Ass.: Sua Bicicleta
PS.: Gostaria de um nome, por favor, Toninho. Um nome feminino, simples, literário. Clarice? Cora? Adélia? Raquel? Fica a seu critério, meu professor.
Estou chegando hoje; por isso, escrevo sem que nos conheçamos, mas seus feitos alcançaram outras cidades. Seus feitos me atingiram lá no Jardim Esmeralda, em Praia Grande. Confesso que não consegui vir sozinha para te encontrar. Tiveram que me trazer, ainda mais que fui preparada para alguém diferente, alguém que pedala num ritmo próprio, em tempos diferentes, em cadências literárias.
Não serei pretensiosa a ponto de me considerar insubstituível. Nossos próximos anos não serão como da minha colega que se foi, também não serão os 50 que você viveu com as reviravoltas de um bom livro que te agarra num sarau ou na preparação de uma aula, como me contaram, mas prometo que teremos uma relação especial. Tenho a certeza de que, quando olhar para mim, verá amizade, companheirismo, dignidade, amor e ... poesia.
Vindo para Santos, lembrei-me das histórias que me assobiaram sobre você, Toninho. E estes episódios me mergulharam em sonhos. Nos meus devaneios, você me levará numa viagem no tempo enquanto te levo à escola. Serei a moça que acompanha Mário de Andrade na Semana de Arte Moderna.
Depois, imagino como seria acompanhar Drummond, desviando das pedras pelo caminho, amando cada personagem interpretado como se eles amassem outras pessoas.
Não me veja como uma fonte de devaneios. Estarei contigo nos trajetos mais duros, compreensiva de que viajar todos os dias ao centro do capitalismo faz parte do enredo de nossa biografia, a partir de hoje. Prometo sorrir e te aguardar a cada final de expediente para que reiniciemos um novo capítulo, sempre.
Não sou colorida à toa. Não substituo a perda nem a responsabilidade e dificuldades do mundo lá fora. Venho para uma nova trilha, de cor, fantasia e, principalmente, amor. Ao seu lado, seremos vistos, admirados, respeitados por aqueles que pularam o muro da incompreensão, da intolerância, da amargura, da descrença nas pequenas ações do homem.
Só gostaria de fazer um pedido: por favor, me leve no próximo sarau. Quero te ouvir falar tanto sobre literatura por meio de quem a ama ou amou. Quero ouvir sua voz que os representa, que arranca as palavras do papel e espalha a vontade no público e te seguir, de te copiar, de fazer o mesmo.
Quando você olhar para fora da loja, assim que o sarau terminar, estarei lá parada, te esperando, para que voltemos para casa. Será uma honra te acompanhar pelas linhas literárias.
Ass.: Sua Bicicleta
PS.: Gostaria de um nome, por favor, Toninho. Um nome feminino, simples, literário. Clarice? Cora? Adélia? Raquel? Fica a seu critério, meu professor.
*****************************************************************************
Obs.: Toninho teve sua bicicleta furtada no dia 2 de março, quase em frente ao Saluca Bistrô e Café, em Santos. Toninho participava de um sarau. Por iniciativa do amigo Júnior Landim, proprietário do local, algumas pessoas se reuniram e compraram uma nova bicicleta para o professor de Literatura. Ainda que as circunstâncias não fossem as melhores, a bicicleta é uma forma de agradecê-lo pela amizade e de presenteá-lo pelos seus 50 anos. Parabéns, Toninho, e muito obrigado por ser quem é.
Comentários
O nosso querido amigo Toninho merece todo esse amor.
Vocês são meus ídolos. 😘😘
Toninho, TC, Professor ou como quer que o chamem aqueles que possuem a honra de tê-lo no rol de amizades.