O tamanho da fé (Escritas do Cotidiano # 11)


Patrícia Medina*

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Com o piloto de paramotor, de 51 anos, foi assim, naquela manhã de quinta-feira, dia de Corpus Christi. Ele mergulhou quase um ateu e ressurgiu das águas grato a Deus por ter lhe poupado a vida.

O voo estava perfeito pela orla da praia de Santos, até que um rasante o fez ficar por 2 minutos e meio com a cabeça debaixo d'água, sem conseguir respirar. O colete salva-vidas do equipamento, que deveria prevenir o risco de morte, acabou sendo o maior responsável por um acidente, que felizmente não terminou em tragédia.

Quando já lhe faltava o fôlego e todas suas forças se esgotavam, o equipamento pressionando seu corpo e sua cabeça submersa, o piloto, quase ateu, conseguiu abrir um diálogo com o cara lá de cima.

Quando ele perguntou se seria daquela forma que ele partiria, o som das vozes dos marinheiros que o salvaram se aproximou. Ele que nunca gostou de exibição, virou notícia de jornal. As linhas do tablóide contaram ao mundo sua maior certeza: a vida continua!

* Crônica que nasceu no módulo Escritas do Cotidiano, dentro do curso de Formação de Escritores, da Prefeitura de Santos.


Comentários

Paty Medina disse…
Obrigada,Marcus.Foram aulas com muito aprendizado.