Instante (Escritas do Cotidiano # 2)



Christianna de Magalhães


Quanto tempo vive a borboleta?

Num excesso de chuva, na unha do gato, um vento inesperado

tênue fio de vida rompida



Asas de luz, instantes de sonhos adiados

vôo livre de flor desprendida em súbito corte

choro de vida não vivida na correnteza da sorte



Em cores de música silenciosa

baila e seduz alada peregrina de pouso incerto

Pequena voz de toda beleza do mundo

delicado equilíbrio entre o segundo e o eterno



Quanto tempo vive a borboleta

no seu enigma puro esvoaçante?

O bastante para cantar à alma presa no casulo

o mistério que um dia chega perto.

Comentários