Homenagem à Norvina




Zuleica Maria O.A. Batista

"Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores"...

Com esta linda frase de Cora Coralina, quero homenagear minha querida e amada mãe Norvina Maria de Oliveira.

Estou sempre me lembrando dela e amanhã faz um ano de sua partida.

Nos últimos dias, tenho andado muito angustiada. A saudade está batendo forte em meu peito sem dó. Na semana passada, sonhei com ela e acordei chorando, mergulhada num sentimento de vazio, muito triste com sua ausência. É a circunstância que ora vivo.

Então resolvi escrever este texto para vocês e falar um pouquinho dela. Talvez isto ajude a me acostumar com essa separação. Estou digitando com os olhos marejados. Não consigo deter as lágrimas. São lembranças guardadas com emoção.

Mamãe e eu vivemos momentos incríveis e inesquecíveis. Juntas, cantamos, dançamos, choramos, sofremos, perdemos, conquistamos, fincamos raízes e fomos felizes. Foi uma vida cheia de amor e muitos amigos.

Ela era uma mãe amorosa e amiga. Foi companheira, leal, gentil, generosa, honesta, digna e demonstrou muitas outras qualidades. Com todo aquele seu "jeitinho minerin", adorava contar piadas e gargalhava. Tive passagens hilariantes em sua companhia.

E jamais vi uma pessoa tão teimosa que, com a idade, só piorou. Mas me ensinou que nunca devemos desistir daquilo que está em nosso projeto de vida.

Entre as manias, uma delas era usar frases feitas, chavões. A preferida era "moral de superfície". Repetia sempre, colocando-a no momento certo com muita inteligência.

Norvina foi um ser humano brilhante e viveu com sabedoria, apesar de seus defeitos (quem não tem?). Sou profundamente agradecida a ela por ter me dado a vida. Obrigada por ser minha mãe, era o eu que sempre dizia pra ela.

Ainda está muito difícil falar sobre ela sem me emocionar. Pronto, já estou chorando de novo! É que me lembrei do momento em que minha netinha Mariana descobriu que a bisavó tinha morrido.

Na ocasião, num gesto carinhoso de consolo, ela me disse:

— Vovó Zuzu, não chora. A "bisa" está bem, ela foi para um lugar onde tem águas cristalinas, campos verdes e não tem bandido".

Não tenho a menor ideia de onde ela tirou isso. Naquele momento, muito emocionada, me abracei a ela e juntinhas choramos. De repente, Mariana e eu, ainda abraçadas, começamos a rir e naquele instante, percebi que aquela situação de desconforto se tornara confortável e alegre. Foi uma experiência muito difícil e inexplicável, que até hoje não consegui entender.

Descobri a mais bela das bençãos, que mamãe estava viva dentro de nós. Ainda está. E desde então, nunca mais fui a mesma. Ficaram o vínculo, as lembranças e a saudade que chega a doer.

Desculpe, fui escrevendo...escrevendo e me alonguei, expondo meus sentimentos. Mas como seria não fossem os desabafos com os amigos. Bom, por tudo isso e muito mais, faço particularmente a cada um de vocês um pequeno pedido... Amanhã, façam uma prece em intenção da alma da mamãe. Pedindo a Deus que ilumine o espírito dela, dando lhe muita luz. (Não vou mandar celebrar missa de um ano).

Carinhosamente, agradeço.

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