Lembranças que meus sapatos me trazem


O sonho de consumo não chegou a tanto para esta cronista 
Zuleica Maria O.A.Batista

Entre as manias que tenho, uma delas é gostar de sapatos. As vitrines de sapatos me atraem como um ímã. Infelizmente, confesso cometer o pecado do consumismo que me leva a comprar sem necessidade.

Penso ser algo meio genético. Minha avó adorava sapatos. Sua filha, minha mãe, também.

E essa genética já chegou até minha filha.

Tarefa difícil falar dos meus sapatos. Foram tantos. Incontáveis ao longo de minha vida. Tive sapatos de todos os tipos e cores imagináveis. Saltos altos, médios e baixos. Apertados e folgados. Abertos, fechados e forrados. 

De repente, a moda dita novas tendências e, com pesar, acabo me desfazendo dos meus queridos sapatos, simplesmente por estarem fora de moda. Uma pena, às vezes, sapatos finos e pouco usados.

Levada pelas lembranças que meus sapatos me trazem, teria inúmeras histórias para contar. Algumas alegres e outras desagradáveis. Não pensei especificamente em um ou em outro sapato, mas nas qualidades dos que se tornaram diferentes, naquilo que fizeram deles únicos e queridos. Nos que me ajudaram nos momentos difíceis e protegeram meus pés. Nos que me deixaram com os pés no chão e necessitaram de reparos. 

Nos que foram capazes de me suportar qual fosse meu estado de espírito. Nos que me meteram em grandes rolos, na hora da raiva. Nos que estavam sempre ali para qualquer ocasião. De um jeito ou de outro, todos foram muito importantes.

Analisando melhor, sinto que meus sapatos foram todos muito explorados por mim. Aliás, continuo explorando-os até hoje, e espero por muito tempo continuar a usá-los com a firmeza que demonstram ser, permitindo que eu vá, ainda, a muitos lugares sonhados e que ande por muitos caminhos “nunca dantes conhecidos”.

Várias vezes senti vontade de fotografar meus pés, para mostrar meus sapatos, pois eles registram o meu dia-a-dia. É tanto tempo junto, dividindo cada momento, que meus sapatos parecem fazer parte de mim mesma. 

Não posso falar dos meus sapatos sem associá-los aos meus pés. Meus pés são parte muito importante do meu corpo. São eles que sustentam meu peso, e que levam meu corpo em busca de novos caminhos, de novas belezas, mas sempre amparados pelos meus queridos sapatos.

Quero deixar em destaque apenas meu chinelinho forrado de pele de ovelha. Este, sim, é meu preferido. Ele é minha tábua de salvação para esquentar meus pés, quando chega o inverno.

Sim, tenho que dar graças por poder andar com meus próprios pés, mas também agradecer aos meus sapatos que os protegem todos os dias durante as quatro estações do ano.

Obrigada a todos meus sapatos. A todos!

28/04/2011

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