O linchamento de Julio César

            
Nunca considerei Julio Cesar o goleiro ideal para o Corinthians. Desde a saída de Dida, há 10 anos, o clube procura um ídolo para a posição. Mas também não posso concordar com a execução pública que se construiu depois da derrota para a Ponte Preta. Como se a demolição da carreira do atleta fosse uma ação sem danos, como se o jogador fosse uma peça mecânica a ser trocada em caso de falha.

É compreensível que o torcedor responda com paixão à queda de sua equipe favorita e que manifeste seu descontentamento por meio da denominação de culpados. É mais concreto, palpável para extravasar a dor quando damos nomes aos enforcados.

É inaceitável, por outro lado, que profissionais do futebol, principalmente os analistas, embarquem em um parecer pontual, permeado pelo desrespeito ao passado do goleiro, ao retrospecto do time na temporada, aos frutos conquistados até o momento.

Os adeptos dos resultados são incapazes de enxergar além de uma semana. Para eles, o último jogo é sempre o que vale. Contexto só atrapalha. Talvez seja por isso que a cegueira os impeça de acertar nas profecias. Muitas variáveis incomodam o raciocínio rasteiro.

Se observarmos as três falhas de Julio Cesar em jogos decisivos, é oportuno e confortável demiti-lo do cargo de confiança que demorou cinco anos para ocupar. A repetição de equívocos indica um caminho de análise, mas não explica todo o cenário. Os erros apontam para a incapacidade de qualificá-lo como um goleiro excepcional. Grandes goleiros levam frangos infantis, mas lacram as traves nos momentos históricos.

Avaliar Julio Cesar somente pelas falhas é um ato de injustiça. O retrospecto recente nos conduz à conclusão de que a partida contra a Ponte Preta significou uma tarde ruim. A temporada do goleiro tem sido surpreendente. Ele integra um pacote tático que mantém a defesa corintiana com o melhor desempenho, tanto no Campeonato Paulista como na Libertadores. Nesta última, Julio Cesar sofreu só dois gols em seis jogos. É um aspecto importante para a segunda melhor campanha da competição.


Os mais afoitos ao sangue em praça pública querem a substituição imediata do goleiro. Se absorver o clamor selvagem, o Corinthians só tem uma saída: contratar um excepcional goleiro, que figure – de verdade, não eventualmente – nas listas de convocados para a seleção brasileira.

No ano passado, o clube menosprezou Julio Cesar pela primeira vez. Adquiriu Renan, revelação catarinense. Três falhas em três jogos sacramentaram o rebaixamento dele para terceiro goleiro e o posterior empréstimo para o Vitória, da Bahia.

Este ano, o Corinthians repetiu a dose ao contratar Cassio, revelação do Grêmio e que estava no PSV holandês. Cassio é o atual terceiro goleiro e jogou apenas uma partida. O reserva do momento é Danilo Fernandes, incapaz de substituir Julio à altura.

Julio César é o goleiro que o Corinthians tem de melhor hoje. É necessidade urgente blindá-lo dos apressados em acionar a guilhotina. Até porque, para avançar na Libertadores, é preciso contar com ele. Um grande goleiro seria um desejo suave como maio, em tempos de Brasileirão.

Comentários

juliano cersossimo disse…
Grande Marcão!
Eu discordo de vc nesse texto. Acho que já deu pro Julio, fez grandes defesas, mas nos momentos decisivos falhou e falhou mto.
Realmente não é goleiro para o Corinthians, mto menos o Danilo (reserva). Hoje, na minha opinião, o Cassio é a a melhor opção, é experiente.
Imagina o Julio fazer uma m... na libertadores igual fez contra a ponte. Será que ele sai vivo de campo?

A questão de termos a defesa que menos sofreu gol no paulista e libertadores não é mérito do Julio. Temos 2 volantes sensacionais, Ralf e Paulinho, uma dupla de zaga com bom nível, Chicão e Castán. Devido a isso a bola mal chega as mãos de Julio Cesar, esse é o motivo da defesa menos vazada.

Ontem ouvi na rádio bandeirantes um comentário que mostrar o próprio Tite com receio do seu goleiro. Ele arma a defesa do time de uma forma para a bola jamais sobrar nas mãos de seu goleiro.

Me desculpa, mas Julio Chester não dá mais.
Thales Mauá disse…
O Júlio César sempre foi um goleiro de nível médio para fraco. Essa é a realidade, não é apenas o jogo da Ponte Preta que mostra isso. No Campeonato Paulista de 2011, falhou na final. No Campeonato Brasileiro de 2010, a mesma coisa, no jogo no Serra Dourada. Essas são algumas falhas que me aparecem no momento. Ele sempre foi e sempre será irregular. O Felipe "Mão de Alface" teve um início avassalador, estreiando inclusive em um clássico contra o Corinthians, jogando muito por sinal. E depois inúmeras falhas. Quando o Cássio entrar em forma física e apto para desenvolver seu futebol, Júlio César será banco facilmente. Cássio é muito mais goleiro. Uma realidade é: depois do Dida, o Corinthians nunca teve um goleiro decente, tirando o Felipe - atual Flamengo. Já passaram: Fábio Costa, Johnny Herrera, Marcelo, entre outros.
Anônimo disse…
Eu acho que ele deve continuar no time. Mas, é claro, sou pontepretano.
André disse…
Vc ta de brincadeira neh??? Quer ficar tentando escrever bonito mas de boa nao falou nada de util!!
Concordo com Thales: "O Júlio César sempre foi um goleiro de nível médio para fraco." Só eh pouco vazado porque eh pouco acionado, e isso eh meritos desde la da frente com Liedson apertando no ataque pra bola chagar mais facil para os volante darem o bote a ssim por diante! Mas nao eh meritos do goleiro! Jogo importante qdo acionado e que deveria catar muito, faz ao contrario falha em bolas importantes e até faceis!! Parece até que faz de proposito! Deve sais sim, goleiro temque ter confiança. O principalmente o jogadores de linha devem confiar nele. É logico que depois de tudo isso a zaga vai ficar com um pé atras e pior deve sair até pra ser preservado pq na Libertadores qualquer falha por menor que seja vai se tornar um PROBLEMÃO pra esse cara!!
Põe o Cassio nem tem experiencia afinal nunca joga pelos times que passou mas tem altura e hj em dia isso é um requisito minimo!!
Caro André, agradeço pela "utilidade" do seu comentário. Até porque, se você reler o texto, perceberá que concordamos em um ponto: Julio Cesar não é goleiro para o Corinthians. Desta forma, tornamos nossas opiniões úteis. Ou será que debater futebol com agressividade serve para alguma coisa?