O Brasil tem mais de 165 milhões de linhas de celulares. Embora oito em cada dez aparelhos sejam pré-pagos, 20% deles tem tecnologia para exibição de programas de TV. Ao mesmo tempo, a nova classe média – na visão do Governo Federal – compra aparelhos de TV cada vez maiores. Como produzir uma programação compatível para um público que – em parte – aumenta o parque de mídia dentro de casa?
A TV brasileira se vê diante de uma sucessão de dilemas. Encruzilhadas que envolvem queda de audiência, mudanças de comportamento do público e avanços tecnológicos acelerados que exigem união de mídias. O aniversário de 60 anos da televisão, em meados de setembro, ofuscou os próximos obstáculos que nascem diante desta senhora.
A postura positiva é da natureza das comemorações, na qual prevalecem os enfeites, mas a urgência dos cifrões determina a releitura imediata da relação entre televisão, outros meios de comunicação de massa e mercado consumidor.
A TV ainda tem muita vitalidade. Mas a velhice saudável é um horizonte ou uma miragem? A televisão, em definitivo, não pode continuar como está. Tem que se preparar para as mudanças, como alguém que – de tempos em tempos – troca o figurino para estar atualizada com a moda.
A audiência da TV aberta caiu cerca de 20% nos últimos dois anos nas grandes cidades. Os espectadores mudaram seus hábitos? Deixaram de ver TV para se dedicar a outras atividades? O consumo de produtos audiovisuais permanece intenso, mas em outras tecnologias. DVDs, videogames, os próprios celulares, notebooks e suportes equivalentes alteraram a relação do consumidor com os meios de comunicação e seus conteúdos.
O Brasil se aproxima do índice de 50% da população com acesso à rede mundial de computadores. A classe média urbana convive com a possibilidade de ver os conteúdos quando desejar. Sites de emissoras tornam hábito a postagem de programas ao vivo ou logo após a exibição. Muitos canais perceberam que importa o consumo do conteúdo, e não como e onde aconteceu.
As novas tecnologias provocaram mudanças de comportamento na senhora sexagenária. As emissoras com visão de mercado não viraram as costas para o suposto inimigo. Trouxeram-no para bem próximo delas. Trabalham com a convergência de mídias, além de planejar a produção de conteúdos especificamente para celulares.
A Internet provocou impactos no modo de se consumir audiovisual. Canais com público-alvo mais jovem aceleraram o ritmo das narrativas e encurtaram o tamanho dos programas. 15 minutos, da MTV, é um exemplo de uma nova forma, bem mais frenética, de narrar e segurar a audiência. A GNT, voltada para uma faixa mais velha, anunciou conteúdos com duração semelhante.
O novo caminho alcançou até os dinossauros da TV aberta. Programas tradicionais, no formato auditório, que duravam até cinco horas, ficaram menores para manter alguma estabilidade em termos de audiência.
As emissoras perceberam o quanto podem explorar as redes sociais para capitalizar o olhar e o bolso do espectador que absorve várias mídias ao mesmo tempo. Apresentadores, atores, atrizes, jornalistas e celebridades em geral se aproximam do público pela Internet, o que gera – em certos casos – uma continuidade do programa além do tempo de exposição na TV.
Os equipamentos de exibição, mais rápidos e menores, representam o próximo passo a ser dado pelas emissoras. A Rede Globo, por exemplo, estuda há mais de um ano a possibilidade de produzir conteúdo específico para telefones celulares.
A TV Digital, que seria o passo natural deste processo, segue adormecida. Nada além da conversa de transmissão em alta definição. O país ainda tem seis anos para se atualizar. Os equipamentos seguem caros e, portanto, indisponíveis para a maioria dos telespectadores, ainda escravos do modelo analógico por fatores culturais, sociais e econômicos.
A ironia é que o avanço acontece às cegas. Por mais que o discurso de marketing ofereça a aura de visionárias, as emissoras de TV desconhecem o terreno onde caminham. Elas não estão sozinhas.
Os consumidores, a princípio submissos ao frenesi da tecnologia, poderiam dar a impressão de que querem apenas saber onde assistir melhor ao programa preferido. Um jogo de cena, no qual as emissoras podem se iludir pela crença de que, para a audiência, a forma é o futuro em corpo presente. A qualidade, assim, finge ser apenas um detalhe.
A TV brasileira se vê diante de uma sucessão de dilemas. Encruzilhadas que envolvem queda de audiência, mudanças de comportamento do público e avanços tecnológicos acelerados que exigem união de mídias. O aniversário de 60 anos da televisão, em meados de setembro, ofuscou os próximos obstáculos que nascem diante desta senhora.
A postura positiva é da natureza das comemorações, na qual prevalecem os enfeites, mas a urgência dos cifrões determina a releitura imediata da relação entre televisão, outros meios de comunicação de massa e mercado consumidor.
A TV ainda tem muita vitalidade. Mas a velhice saudável é um horizonte ou uma miragem? A televisão, em definitivo, não pode continuar como está. Tem que se preparar para as mudanças, como alguém que – de tempos em tempos – troca o figurino para estar atualizada com a moda.
A audiência da TV aberta caiu cerca de 20% nos últimos dois anos nas grandes cidades. Os espectadores mudaram seus hábitos? Deixaram de ver TV para se dedicar a outras atividades? O consumo de produtos audiovisuais permanece intenso, mas em outras tecnologias. DVDs, videogames, os próprios celulares, notebooks e suportes equivalentes alteraram a relação do consumidor com os meios de comunicação e seus conteúdos.
O Brasil se aproxima do índice de 50% da população com acesso à rede mundial de computadores. A classe média urbana convive com a possibilidade de ver os conteúdos quando desejar. Sites de emissoras tornam hábito a postagem de programas ao vivo ou logo após a exibição. Muitos canais perceberam que importa o consumo do conteúdo, e não como e onde aconteceu.
As novas tecnologias provocaram mudanças de comportamento na senhora sexagenária. As emissoras com visão de mercado não viraram as costas para o suposto inimigo. Trouxeram-no para bem próximo delas. Trabalham com a convergência de mídias, além de planejar a produção de conteúdos especificamente para celulares.
A Internet provocou impactos no modo de se consumir audiovisual. Canais com público-alvo mais jovem aceleraram o ritmo das narrativas e encurtaram o tamanho dos programas. 15 minutos, da MTV, é um exemplo de uma nova forma, bem mais frenética, de narrar e segurar a audiência. A GNT, voltada para uma faixa mais velha, anunciou conteúdos com duração semelhante.
O novo caminho alcançou até os dinossauros da TV aberta. Programas tradicionais, no formato auditório, que duravam até cinco horas, ficaram menores para manter alguma estabilidade em termos de audiência.
As emissoras perceberam o quanto podem explorar as redes sociais para capitalizar o olhar e o bolso do espectador que absorve várias mídias ao mesmo tempo. Apresentadores, atores, atrizes, jornalistas e celebridades em geral se aproximam do público pela Internet, o que gera – em certos casos – uma continuidade do programa além do tempo de exposição na TV.
Os equipamentos de exibição, mais rápidos e menores, representam o próximo passo a ser dado pelas emissoras. A Rede Globo, por exemplo, estuda há mais de um ano a possibilidade de produzir conteúdo específico para telefones celulares.
A TV Digital, que seria o passo natural deste processo, segue adormecida. Nada além da conversa de transmissão em alta definição. O país ainda tem seis anos para se atualizar. Os equipamentos seguem caros e, portanto, indisponíveis para a maioria dos telespectadores, ainda escravos do modelo analógico por fatores culturais, sociais e econômicos.
A ironia é que o avanço acontece às cegas. Por mais que o discurso de marketing ofereça a aura de visionárias, as emissoras de TV desconhecem o terreno onde caminham. Elas não estão sozinhas.
Os consumidores, a princípio submissos ao frenesi da tecnologia, poderiam dar a impressão de que querem apenas saber onde assistir melhor ao programa preferido. Um jogo de cena, no qual as emissoras podem se iludir pela crença de que, para a audiência, a forma é o futuro em corpo presente. A qualidade, assim, finge ser apenas um detalhe.
Comentários
Assunto aparentemente formal tratado de forma gostosa e as vezes até poética.
Adorei!!
Pois é, essa senhora pode estar vestindo o q há de mais luxuoso, mas se não tiver nada a dizer, é mera futilidade. As tecnologias de audiovisual evoluem mas o conteúdo deixa a desejar, falo, principalmente, da TV aberta, com poucas excessões. Sem mencionar o oligopólio que as emissoras exercem etc. É a Tv de sempre apenas renovando a maquiagem...
Até logo!