Vi um camisa 10 nascer

Por ALANO ALEXANDRE UMBELINO DE BARROS*

Ao assisti-lo jogando o fino da arte futebólistica, lembrei das memórias de um passado recente, onde conheci a casa de um craque camisa dez. Um jovem esguio e de poucas palavras; tímido, mas com a calma dos gênios.

Numa pelada despretensiosa, numa quadra de futsal, vi ali - naquele ano de 2005 - uma canhota precisa, um garoto com percepção lógico-espacial precisa, fantástica. É claro que joguei ao seu lado e juntos fomos invictos. Eu senti naquele momento de descontração o propósito dos Deuses da bola. Entendi aquela canhota do menino paraense, hoje menino da Vila Belmiro.

Deste dia em diante, tornei-me seu amigo-admirador. Falávamos sempre do mundo da bola e, quando ele me dava a sua companhia, brincávamos na frente do templo de uma igreja protestante. Hoje, torço pelo amigo jogador, atleta excepcional, um jovem selecionável. Ele, que na última Copa do Mundo assistiu a um jogo comigo e minha família.

Para seus amigos do início da epopéia do menino do Pará, será sempre o menino Paulo Henrique, filho da tia Creusa e seu Julio (Petrobrás). Pessoas simples que te ensinaram a ser este homem-menino da vila, agora do mundo da bola. Posso falar com propriedade: eu vi um camisa dez surgir em minha frente.

* Alano Alexandre Umbelino de Barros é professor de História e torcedor do Sport Recife (PE).

Comentários

Rafael Oliveira Alves disse…
Vejo aqui nascer mais um cronista do mundo do futebol, o pernambucano que trata as palavras como Paulo Henrique vem tratando a bola, elegantemente.
Unknown disse…
Meu marido sempre amou futebol e a ciência histórica. E somente agora me dei conta disso.