Amor e paixão


Obs.: Este texto foi publicado na última página da revista Rubro Verde - TCC em Jornalismo/Unisanta (2017)

Marcus Vinicius Batista

Quando um relacionamento é forte, estamos preocupados em vivê-lo. Não damos importância às palavras que poderiam defini-lo para outras pessoas, para o mundo. Apenas queremos repeti-lo, renová-lo, transpirá-lo a cada vivência, adiando as despedidas diárias, na esperança de transformar os reencontros em encontros estendidos.

Olhando para você, com a distância devida do tempo, sinto que passamos por paixão e amor, como dois períodos distintos, e complementares, de um mesmo jogo. A paixão adolescente que nos faz atrair o futuro para o presente, que nos estimula a desejar um caminho juntos, de muitos anos, com a ilusão da mesma intensidade emocional.

A paixão vem carregada de arroubos juvenis, que enterram defeitos, que descartam as imperfeições da competitividade inerente à sua biografia, à nossa história, de vitórias, derrotas, quedas e ressurreições, vistas por milhares de pessoas que te seguem em devoção.

Nunca foi necessário dizer, na nossa história, "Eu te amo". O amor se construiu sem que notássemos. A convivência era a resposta para um silêncio seu. Seu porque confesso que - de vez em quando - me capturo falando as três palavras que traduzem a estabilidade, a profundidade, o singelo e a agressividade de um sentimento que jamais se torna igual entre as partes. E jamais precisa ser, não porque seja impossível de se medir, mas pelo fato de que amar não exige retribuição idêntica.

Convivemos há mais de 30 anos. Nunca comemoramos datas, evitamos alardes e propagandas rasteiras para rascunhar nosso percurso. Olhares mútuos, quando visito sua casa, resolvem minha saudade. Às vezes, estar ao lado é o remédio que alivia os sintomas de uma doença que te rebaixou. Te ver levantar é redundância das curvas da história.

Digerimos nossas mágoas recíprocas, chutamos os medos e driblamos as angústias e ansiedades que podem nos tirar da linha. Hoje, celebrar a nova idade é renovar votos, sem a encenação de que há garantias de êxito. Vamos vivendo, ano a ano, estação por estação, temporada por temporada. Vivendo.

Uma paixão nos modifica, mas dura - para os enfeitiçados - 100 dias. Um amor nos fortalece e persiste, resiste, insiste - definitivamente - por 100 anos. Portuguesa Santista, nossos sentimentos mais profundos vão testemunhar mais um século de vida briosa.

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