Três presentes


Luna, entre as cerâmicas. Em primeiro plano, um presente

Marcus Vinicius Batista

Enquanto Júnior abria o porta-malas do carro, eu me perguntava: "o que pode ser tão pesado?" Quatro horas antes, durante a festa de confraternização do jornal, Jota Amaral - o Júnior - parou do meu lado e disse: "quando soube que a Nara (esposa dele) te tirou no amigo secreto, pensei também em te dar um presente! Está no carro."

Ele mal sabe, mas Júnior é uma espécie de Papai Noel fora do padrão. A barba passou a ser controlada por fios brancos, assim como os cabelos que o levaram à fama, quando se parecia com personagem de novela. Júnior é capaz, uma vez por ano, no amigo secreto da firma, de me dar excelentes presentes, ainda mais porque chegam aos pacotes. Sempre mais de um.

Neste ano, o primeiro começou a nascer com Luna, a filha dele de oito meses. Menina curiosa, de sorriso permanente e amante de melancia, Luna voltava às origens e nadava como fazia no ventre de Nara, no Natal anterior. Mergulhava a cabeça na água e sorria para todos.

O pequeno malabarismo virou questão de honra para meu filho Vini, de seis anos. Sentindo-se desafiado, aprendeu a mergulhar, mesmo agarrado no corrimão da escada da piscina, por questão de segurança. Júnior o presenteou - e a mim também - quando fez com que conseguisse ficar submerso por eternos cinco segundos. E ainda ouviu, ao fim do diálogo de desenho animado: "Vini, você é um escafandrista!"

Júnior abriu o porta-malas do carro, olhou para mim e tirou um pote de cerâmica, nova criação artística deste sujeito de cultura versátil. No presente-surpresa, outra novidade: "Marcão, tem esse outro furo e pode ser instrumento de percussão." Agradeci e assisti à micro-performance na calçada.

No ano passado, na mesma piscina, Júnior me deu de Natal duas crônicas, publicadas neste espaço. Este ano, ele aumentou a cota: o mergulho e a cerâmica pariram mais um texto, como eu havia pedido de presente no começo da festa.

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