Zuleica Maria O.A.Batista
Em março próximo passado fez quatro anos que minha querida e amada mamãe faleceu. Na ocasião, pedi aos familiares mais próximos não contarem para minha netinha Mariana o ocorrido. Não queria passar o sofrimento da perda para uma criança de apenas seis anos.
Alguns dias depois, conversando com uma amiga ao telefone, comentando o falecimento de mamãe e relatando os 69 dias passados no hospital com ela, não percebi que minha neta estava brincando ao lado e escutando todo meu desabafo.
Ao desligar o telefone, ouvi a voz de minha neta perguntando.
— A bisa morreu? A bisa morreu? A bisa morreu? (Assim mesmo – três vezes).
Pega de surpresa, fiquei parada sem saber o que responder. E, novamente ela perguntou.
— A bisa morreu?
Realmente, não sabia o que responder naquela situação tão difícil que não tinha mais como esconder. Acabei falando a verdade tão dolorida.
Na ocasião, num gesto carinhoso de consolo, ela me disse:
— Vovó Zuzu, não chora. A bisa está bem, ela foi para um lugar onde tem águas cristalinas, campos verdes e não tem bandido.
Não tenho a menor ideia de onde ela tirou isso. Naquele momento, muito emocionada, me abracei a ela e, juntinhas, choramos. Sugeri que rezássemos um Pai Nosso. E ela concordou...
De repente, Mariana e eu, ainda abraçadas, começamos a rir e, naquele instante, percebi que aquela situação de desconforto se tornara confortável e alegre. Foi uma experiência muito difícil e inexplicável, que até hoje não consegui entender.
Descobri a mais bela das bençãos, que mamãe estava viva dentro de nós. Ainda está.
E desde então, nunca mais fui a mesma. Ficaram o vínculo, as lembranças e a saudade que chega a doer.
10/06/2013
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