O que acontece com Ganso?


O retorno de Ganso, inclusive com gol, ao time do Santos não apaga a fase ruim que atinge o jogador. Salvo alguns instantes que refrescam a memória, Ganso vive à voltas com contusões, atuações ruins, apatia fora de campo e, principalmente, brigas com dirigentes via imprensa.

Por duas vezes na semana passada, Ganso passou parte do treino da seleção brasileira sentado no banco. Não treinou faltas, pênaltis e finalizações. A ausência, mais do que alimentar especulações sobre a condição física do jogador, indicou o desfecho de uma Olimpíada em que o atleta ocupou o posto de coadjuvante, quase figuração. Tanto que acabou cortado – a primeira versão falava em deficiência técnica – do amistoso contra a Suécia, na última quarta-feira.

Ganso entrou no segundo tempo em apenas duas das seis partidas dos Jogos Olímpicos. Não jogou a final contra o México. As participações foram discretas para um jogador que parecia estar alheio ao que acontecia dentro de campo.

Os Jogos Olímpicos reforçam a decadência em duas temporadas, uma delas marcada por contusões. Em 2012, Ganso se tornou dispensável no Santos e reserva a seleção olímpica, que provavelmente será a base para a próxima Copa do Mundo. Muito pouco para quem ficou na lista extra de Dunga, enquanto muitos pediam sua inclusão no grupo que jogou na África do Sul.

Ganso parece um veterano, não pela experiência, mas pela lentidão ao longo do jogo. Chega a ser irritante o desligamento dele durante as partidas, como se participasse de uma pelada de casados e solteiros. O meia transmite a impressão de que se encontra em má forma física ou que não se recuperou adequadamente das últimas lesões.

O jogador do Santos desfila em compasso de espera. Não auxilia na marcação, regra básica para os armadores modernos, tampouco imprime velocidade quando sua equipe retoma a bola. Ganso parece esperar pela bola ideal, para dar o passe preciso que decidirá um jogo. É pouco para o que se deseja de alguém de alto nível técnico em 90 minutos.

Além do problema de desempenho, Ganso se deixa envolver pelos interesses de quem cuida de sua carreira. De tempos em tempos, troca carícias agressivas com o presidente do Santos. Não desmentiu quando esteve relacionado a negociações com o Internacional e, esta semana, com o São Paulo. Falta a ele – é duro levantar tal tese – o mesmo trabalho midiático de seu companheiro de time e de seleção.

Ao vê-lo atuar no passado recente, sinto-me triste. E esperançoso. Quem viu Ganso jogar em 2012, sabe sobre as pinturas que nascem da perna esquerda dele. Mas se alimentar somente das glórias de ontem é o caminho para desaparecer na dinâmica de negócios do futebol atual.

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