Feldmann propõe ser a terceira via

Matéria publicada no jornal Boqueirão (Santos/SP), 04 de julho de 2010, edição n.796, página 06.



Além de Marina Silva, o candidato do PV ao governo de São Paulo, Fabio Feldmann, também esteve em Santos. Ele seguiu o mesmo roteiro da candidata à presidência. Feldmann é um ambientalista histórico, que migrou do PSDB para o Partido Verde. Ele foi deputado federal e exerceu o cargo de secretário de Meio Ambiente do Estado na gestão do ex-governador Mario Covas.

Em entrevista ao Jornal Boqueirão, Feldmann, de 55 anos, foi genérico em relação ao impacto da descoberta do pré-sal na Bacia de Santos e defendeu a sustentabilidade como a alternativa para o choque entre a mentalidade do progresso e o meio ambiente.

Jornal Boqueirão: Aqui, na região, há uma espécie de euforia em relação ao pré-sal. Como o senhor analisa a questão do petróleo, principalmente em relação aos royalties e ao impacto ambiental?

Fabio Feldmann: Primeiro, eu acho que temos que tomar cuidado com o pré-sal depois do acidente no Golfo do México. O acidente demonstrou que há ausência de tecnologia para vazamento como esse. O pré-sal está em uma profundidade algumas vezes maior do que no Golfo do México. E também há uma discussão sobre o valor do seguro na exploração do petróleo. Estamos indo no caminho do combustível fóssil no momento do aquecimento global. Na região, temos que avaliar o que representa o pré-sal, inclusive do ponto de vista do impacto social. Que tipo de trabalhadores são esses que virão do Brasil inteiro? Qual o tipo de impacto sobre a economia da Baixada Santista?

JB: Na campanha eleitoral, como passar um discurso de sustentabilidade? Não seria um confronto com o discurso do progresso, muito presente na Baixada Santista?

FF: No início da minha vida como ambientalista, fui advogado de vítimas da poluição em Cubatão. Nós evoluímos muito do ponto de vista de consciência ambiental. Antes, era progresso ou meio ambiente. Hoje, sustentabilidade é justamente esse caminho do meio. São Paulo é o Estado que tem vocação para uma economia de baixa densidade de carbono, que também chamamos de economia criativa. Uma economia do século XXI. O desafio desta campanha é mostrar que a geração de empregos está mais na nova economia do que na velha economia. O Brasil mudou muito nos últimos 30 anos.

JB: O que o senhor pretende fazer para evitar uma polarização PT-PSDB aqui, no Estado de São Paulo?

FF: Estamos no início de campanha. É claro que há duas forças que polarizam, mas há enorme espaço de crescimento e de viabilidade eleitoral. Existe uma demanda na sociedade por uma terceira via, mais moderna e contemporânea.

Crédito da foto: Luiz Nascimento

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