As meninas



Assisti, recentemente, à peça “As meninas”, em cartaz no Teatro Eva Herz, em São Paulo. O espetáculo machuca pela atualidade do texto, adaptado do romance de Lígia Fagundes Teles, de 1973, pela dramaturga Maria Adelaide Amaral. O texto engana por soar engraçado em certos momentos, mas o riso nasce nervoso diante dos conflitos vividos por três universitárias em um pensionato paulistano.

Na adaptação, as características temporais da trama – que se passa durante o regime militar – foram amenizadas para que a história das três universitárias pudesse resistir aos dias de hoje. O trio se completa nas angústias e nos desejos, todos individuais, mas dependentes da relação coletiva entre elas.

Lorena (Clarissa Rockenbach) é a herdeira de uma família quatrocentona, decadente e esfacelada após a morte do patriarca. Ana Clara (Luciana Brites) é candidata a modelo, o símbolo do consumo. Ela tem um noivo rico, mas sonha em viver ao lado de um traficante, que a afunda no consumo de drogas. E Lia (Silvia Lourenço) representa o idealismo do jovem, disposto a enfrentar a autoridade e mudar o mundo pelo senso de justiça.

A peça traz sólido elenco de apoio, nos papéis da mãe de Lorena, da freira do pensionato e do traficante. A montagem, com cenário composto por cadeiras, fortalece a ordem e a desordem do cotidiano das universitárias e aproveita o espaço reduzido do teatro para enclausurar o espectador nos dramas que refletem o pensamento do universitário contemporâneo.

“As meninas” segue em cartaz até 25 de abril, com apresentações aos sábados, às 18 horas, e aos domingos, às 17 horas. O Teatro Eva Herz é aconchegante, com capacidade para 100 pessoas. O teatro fica dentro da Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, na avenida Paulista.

Crédito da foto: divulgação

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