A História se repete – Afeganistão, o começo do fim

Por Alexandre de Souza Costa*


Os bárbaros estão às portas do império, dois grandes rios (Reno e Danúbio) os separam de sua barbárie e da dita civilidade ocidental da época. Os rios são transpostos, o império é invadido, atacado, os antigos valores culturais são assimilados pelos invasores e surgem novas leituras para estes valores. Roma está em chamas! O império cai!

Os Estados Unidos estão cercados por dois grandes oceanos (Atlântico e Pacifico), levas e mais levas de estrangeiros (imigrantes – vietnamitas, brasileiros, árabes e etc.) entram no país, muitos americanos os chamam de bárbaros (tal como os romanos chamavam os Vândalos, Godos e etc.). Novos valores estão sendo criados. A cultura é dinâmica, está sempre se adaptando às novas realidades de cada sociedade.

Na manhã do dia 11 de setembro de 2001, as bordas das fronteiras são invadidas, o coração do império é atacado. New York está em chamas! O império começa a ruir!

Na Roma Antiga, fortes eram criados ao longo de suas fronteiras para criar um perímetro defensível contra os bárbaros, nações eram invadidas em nome da manutenção da vida romana. Os fortes americanos estão ao longo de suas fronteiras internacionais (Kuwait, Colômbia, Japão, Alemanha etc.).

Uma represália contra os ataques de 11 de setembro era necessária. O Afeganistão (país que faz fronteira com o Irã e o Paquistão – países republicanos e islâmicos cuja forma de governo é centralizadora) é atacado, pois alojava a Al Qaeda (organização islâmica, que tinha declarado guerra santa contra aos Estados Unidos anos antes). Após seis anos e 1500 americanos mortos, o forte não está totalmente estabelecido, está frágil. As zonas de segurança não são totalmente seguras.

Vários muçulmanos (sunitas e xiitas) adentram ao país para fazer Jihad islâmica (guerra santa contra os inféis) contra os Estados Unidos e seus aliados. Paquistão e Irã são as portas de entrada para o conflito. Hoje, a dialética sobre este conflito e do Iraque são um dos assuntos mais importantes para a nova administração que assumirá o poder em janeiro de 2009 nos Estados Unidos.

Entretanto, a mesma dialética que é discutida nos meios intelectuais e/ou meios de segurança em todo o mundo, também foi discutida em 92 a.C., pelos senadores e militares romanos (intelectuais e segurança) quando após a derrota de um exército romano contra o império Parto (localizado no atual Irã, partes do Iraque e partes do Afeganistão) fez repensar a sua estratégia de conquistas naquela região e os fizeram ao longo dos próximos 200 anos.

Assim, tal como os romanos o fizeram há mais de 1800 anos, os americanos (com o seu novo presidente Obama) precisam analisar com cuidado qual será o próximo passo a escolher. Caso contrário, a história pode se repetir novamente, ou seja, 200 anos de conflitos, e as fundações para o inicio de declínio de um império. Ontem de Roma, hoje o Americano.

*Alexandre de Souza Costa é historiador.

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